terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Cyber-Obama

A opinião pública, considerada nos primórdios das teorias da comunicação como uma massa disforme e imensa, foi desconstruída. Passou a ser a soma das vozes e não a média representativa de tendências, como se escreve no “Jornal de Notícias” do passado domingo. Ou seja: a mudança de paradigma é visível, 20 anos após a invenção da Internet. Da ideia de texto linear, da audiência de massas, passou-se ao conceito “de muitos para um e de muitos para muitos”.

Como se pode ler no “Sol”: “Blogs, vídeos na Internet, Youtube, já não são o futuro. Já não basta produzir, de cima para baixo, propaganda. O cidadão está preparado para mais. E a Internet permite uma relação em dois sentidos”. A acrescentar a isto, ainda temos o uso do Flickr, Facebook, hi5 e Twitter.

Paulo Querido, defende que o site eleitoral de Obama significou a confirmação de que a relação no novo presidente com a Internet não se limitou ao marketing eleitoral: “Sabe o que fazer com um computador e uma rede digital povoada por milhões de pessoas, uma fatia significativa das quais (os mais jovens) é nativo da rede e já nem usa os meios de comunicação de massas "tradicionais"”.

Esta mudança, ainda segundo o “Sol”, decorreu do uso insistente da Web 2.0, como no caso da utilização do site de partilha de vídeos YouTube: “Um grande protagonista da campanha, não só pelo seu envolvimento na transmissão dos debates, em parceria com a CNN, mas também por ter sido palco do nascimento de algumas personagens, como a Obama Girl, que criou um vídeo e uma canção em honra do candidato democrata”.

Obama tem passado o tempo a fazer o seu Governo.
E, o que se observa, é que, não obstante a tecnologia utilizada, que suportou a sua eleição, mantêm-se os vícios antigos, como escreve Carlos Castilho, no “Observatório da Imprensa”: “A mesma equipa que comandou o bombardeio diário de mensagens de e-mail do candidato democrata para quase 15 milhões de norte-americanos está a ser recrutada para a futura administração. São estes os rumores cada vez mais insistentes de que Obama vai inaugurar uma política de relação directa com os cidadãos”… Ou seja: os famosos e por cá conhecidos “jobs for the boys”!!!


Portugal: sistema político pouco receptivo à interacção da Internet
E em Portugal? Como é que as novas tecnologias estão a ser acolhidas pelos partidos políticos? Serão as próximas legislativas disputadas com o contributo do ciberespaço?

Não obstante, como escreveu o “Público” de domingo passado, Sócrates seja “o grande revolucionário do marketing político do PS”, trata-se de uma realidade que não será para já…

O “Jornal de Notícias” fez um trabalho sobre o assunto e, mesmo com três actos eleitorais em 2009, os partidos ainda não têm nada definido.

O CDS/PP, através do seu secretário-geral, João Almeida, defende que “Em Portugal não há ainda grande utilização das redes sociais” e que “é perfeitamente natural que no ano eleitoral, em 2009, se reforce a estratégia da Internet, mas isso implica ter uma capacidade que permita uma produção não apenas esporádica”.

Emídio Guerreiro, responsável do PSD, reconhece também que não há ainda uma estratégia decidida para o ano eleitoral de 2009: “Ainda é muito cedo para iniciativas concretas. Mas conhecemos as soluções, que estão a ser testadas; a Net vai ser uma das apostas do partido”.

No BE, há a mesma vontade vaga: “Vamos criar estruturas para tentar envolver as pessoas através dos meios online” (Jorge Costa).

O PS não respondeu às questões colocadas pelo jornal, enquanto que o PCP sustenta que o assunto ainda está em discussão (Vasco Cardoso).


Obama: a Internet que promove, também pode destituír?
O facto de as eleições presidenciais americanas terem levado muitos eleitores às urnas, evidenciando uma menor abstenção, pode estar ligado ao facto de a Internet ter motivado à participação.
Por cá, ainda recentemente, um referendo não foi validado, por não ter atingido os 50% de votantes…

Decerto que esta aposta de Obama se tornará num case study. O próprio terá que contar nas suas políticas com a fiscalização de quem participou e contribuiu activamente para a sua eleição. E que, decerto, estará atento para cobrar promessas não cumpridas… Uma situação a acompanhar durante o mandato.

Cyber-Obama


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